A 1º sargento do Corpo de Bombeiros Vanessa Lima e Cinthia Peluti, uma das doadoras que ajudam a salvar vidas no DF | Foto: Michelle Horovits/SES
Estoques são fundamentais para recém-nascidos em UTIs, alerta Secretaria de Saúde. Para doar, mães não precisam nem sair de casa
Agência Brasília* I Edição: Débora Cronemberger
Com estoques baixos, o Banco de Leite Humano do Distrito Federal precisa de doações. Desde janeiro, não é alcançada a meta mensal de 2 mil litros. Entre janeiro e abril de 2023, foram coletados somente 6.620 litros, o que representa uma média mensal de 1.655 litros. É preciso melhorar os estoques para atender quase 300 crianças internadas nas unidades de terapia intensiva (UTIs) neonatais públicas e privadas, além de ampliar a assistência a outros casos.
“Toda mulher que estiver amamentando pode doar e qualquer quantidade é bem-vinda. Não é preciso sair de casa. Uma equipe do Corpo de Bombeiros irá até a residência da pessoa para fazer a coleta”Miriam Santos, coordenadora de Políticas de Aleitamento Materno do DF
O mês de maio é dedicado a falar sobre a importância da doação de leite humano. Com o tema Um pequeno gesto pode alimentar um grande sonho: doe leite materno, a campanha é organizada pela Secretaria de Saúde (SES) em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF). A cooperação entre as instituições existe há 34 anos no DF
A coordenadora de Políticas de Aleitamento Materno do DF, a pediatra Miriam Santos, alerta que é necessário contar com mais doadoras. “Toda mulher que estiver amamentando pode doar, e qualquer quantidade é bem-vinda. Não é preciso sair de casa. Uma equipe do Corpo de Bombeiros irá até a residência da pessoa para fazer a coleta”, explica.
Preocupada com o baixo estoque, a coordenadora alerta que uma única doadora pode fazer a diferença para um grande número de crianças. As doações são encaminhadas para hospitais de toda a rede pública; e, após a pasteurização, o leite pode ser armazenado por até seis meses. “A partir do momento em que tenho mais leite disponível, mais crianças são atendidas, e conseguimos manter a rede de solidariedade”, aponta.
Classificados como referência nacional pelo Ministério da Saúde, os bancos de leite de Brasília possuem certificação de Padrão Ouro pelo Programa Internacional Ibero-Americano de Bancos de Leite Humano.
Banco de Leite: lugar de acolhimento
Além da coleta, processamento e distribuição do leite materno com qualidade certificada, a Rede de Bancos de Leite Humano do DF oferece assistência ampliada a mulheres grávidas ou àquelas com complicações para amamentar. Entre as atividades ofertadas, uma equipe multidisciplinar auxilia em processos como a relactação (volta à amamentação) e a translactação (técnica momentânea para bebês que apresentam sucção descoordenada).
“Aprendi como fazer a mamada, que é a massagem no seio para não empedrar. A equipe faz um trabalho incrível, com muita informação e paciência”
O trabalho do Banco de Leite Humano tem sido importante para Cinthia Peluti, mãe da pequena Clarisse, de dois meses. Ela apresentou dor ao amamentar e descobriu que tinha candidíase mamária. “Eu sentia muita dor dentro do peito. No Banco de Leite, recebi orientações e fui atendida pela equipe multidisciplinar. Inclusive, realizei todo tratamento a laser para diminuir a dor e melhorar a cicatrização”, contou.
Depois de ser atendida pelo Banco de Leite do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Cinthia hoje é doadora e ajuda a salvar vidas na capital. “Eu não sabia que o banco viria coletar em casa, tinha medo que me faltasse leite”, conta. E não poupa elogios ao atendimento recebido: “Fui bem-acolhida e me deram muito carinho em um momento que estava fragilizada. Agradeço demais aos profissionais do banco, que orientaram e explicaram sobre meu problema e tiraram minhas dúvidas”.
Andrea Santana, mãe da pequena Isabela, de um mês, e de Daniel, de oito anos, reconhece que o Banco de Leite foi importante para todo o processo de amamentação. “Aprendi como fazer a mamada, que é a massagem no seio para não empedrar. A equipe faz um trabalho incrível, com muita informação e paciência”. Ela ainda destaca que é um período de muita insegurança e dúvida para as mulheres.
A primeiro sargento Vanessa Lima, do Corpo de Bombeiros, faz a coleta para o Banco de Leite do Hran há oito anos. Para ela, é muito gratificante integrar esse trabalho. “Mesmo não estando efetivamente na função de socorro emergencial, estamos salvando vidas”, conta.
Quer doar?
As mães que desejarem doar devem ligar para o número 160 (opção 4) ou se cadastrar no site do Amamenta Brasília. Em seguida, são passadas orientações de como coletar e armazenar o leite em casa, sem necessidade de deslocamento aos hospitais. Por último, uma equipe dos bombeiros vai à residência da doadora deixar o kit e, posteriormente, buscar os vidros cheios.
O processo de coleta do leite é simples. A mulher deve identificar a data da primeira coleta no pote e, ao fim da ordenha, armazená-lo no congelador. Não é preciso se preocupar em encher o pote de uma vez. Basta colocar o líquido no frasco que está no congelador com a ajuda de um copo de vidro esterilizado. A doação deve ser entregue ao banco de leite em até 15 dias.
*Com informações da Secretaria de Saúde