Flávio Dino começa a “defesa” com o seguinte:
“Apoiei a candidatura de Edivaldo Holanda Junior a prefeito de São Luís desde o primeiro momento. Conquistamos uma bela vitória em 2012.”
Como a administração de Edivaldo Holanda Júnior é um fiasco pior que a encomenda, aos incautos poderá parecer que Dino é um destemido, um herói da política, que não teme dizer que o poste Edivaldo Júnior recebeu seu apoio.
Nada disso. Primeiro, não há como Flávio Dino diga que não apoiou o desastre Edivaldo Holanda Júnior. Júnior é um Frankenstein criado pelo aprendiz de feiticeiro Flávio Dino. Negá-lo agora seria pior do que tê-lo criado.
Mas não é só. Flávio Dino precisa manter a hegemonia na Prefeitura de São Luís, com o que conta para obter vantagens financeiras de campanha. Chutar Edivaldo Holanda Júnior antes da eleição de 2014 seria suicídio.
No segundo parágrafo Flávio Dino diz:
“Em um cenário inicial de dificuldades, há quem cogite que estou arrependido. Ao contrário. Edivaldo tem sido leal, correto, dedicado aos interesses da nossa capital. Ele não roubou dinheiro público, não abriu contas bancárias em paraísos fiscais, não curvou a espinha à prepotência dos poderosos, não se seduziu pelo “canto da sereia” das facilidades do poder.”
Reparem bem. Dino e Edivaldo, em campanha, diziam que administrar São Luís seria moleza, tratava-se apenas de compromisso com a população. Tanto que Edivaldo Júnior tratou de mentir que em três meses São Luís seria outra. Não sou eu a dizer, não é a “oligarquia” a dizer. Os vídeos de campanha eu os tenho todos. Quero crer que os leitores também lembram.
Mas há um detalhe, pelo menos para quem trabalha com a palavra como eu, que não pode passar em branco. Ao enumerar os motivos por que não está arrependido de ter sido o fiador da candidatura de Júnior, Flávio Dino começa pelo seguinte:
– Edivaldo tem sido leal, correto…
Ou seja, Dino não elogia primeiro as qualidades administrativas de seu dileto poste. Nada disso. Flávio Dino defende Júnior por ser “leal, correto” com ele, Flávio Dino. Ou vão agora querer dizer que um prefeito é “leal, correto” com a população? Para só depois dizer que Júnior é “dedicado aos interesses da nossa capital”.
Isso quer dizer o seguinte: Dino não está nem aí se a administração é um desastre, preocupa-o é o risco de não contar com o apoio luxuoso da máquina da Prefeitura de São Luís na disputa de 2014.
Então, no parágrafo seguinte vem o que alguns poderiam chamar de piada, mas que na verdade é escárnio com a população de São Luís:
“Edivaldo trabalha muito e tem procurado acertar. Por isso mesmo, é vítima de uma campanha impiedosa. A mídia da oligarquia não dá descanso. Todos os dias fazem agressões pessoais e cobram que ele resolva, em menos de 1 ano, problemas acumulados em décadas.”
Quem será o energúmeno a acreditar que Edivaldo Holanda Júnior é perseguido por trabalhar demais? Desde quando “a mídia” (gente do PT e do PCdoB adora usar de forma ignorante essa palavra) “da oligarquia” faz “agressões pessoais”?
Flávio Dino, como bom oposicionista maranhense, esquece que o que ele chama de mídia da oligarquia teve papel decisivo na vitória de Edivaldo Holanda Júnior. Se o poderoso jornal O Estado do Maranhão e a poderosa TV Mirante tivessem mostrado quem é Edivaldo Holanda Júnior, bom, ele não teria chegado ao segundo turno da eleição.
Acontece que “a mídia da oligarquia” fez um pacto com Edivaldo Holanda, o pai, que, como está nos arquivos do blog, esteve reunido com Fernando Sarney, quando tudo foi acertado. E a resposta do acordo há muito está funcionando, quero dizer, a Prefeitura de São Luís tem contrato gordo de divulgação com a TV Mirante.
Mais importante: Flávio Dino mentiu no horário eleitoral quando disse que o grupo Sarney apoiava o então prefeito João Castelo (PSDB), quando na verdade vários deputados do grupo Sarney declararam apoio a Edivaldo Holanda Júnior, entre eles Roberto Costa e Pedro Fernandes, para só ficar em dois exemplos. O energúmeno chamado João Alberto, que é senador, também apoiava Edivaldo Holanda Júnior, tanto que depois da eleição emplacou uma senhora na administração de São Luís.
Mais na frente, Flávio Dino diz o seguinte:
“O governo do Estado em nada ajuda São Luís. Vejamos, por exemplo, a situação da saúde. Se o sistema funcionasse de modo decente no interior do Estado, os Socorrões não estariam super-lotados (sic)e teriam um funcionamento adequado. Como não há hospitais regionais com a qualidade necessária, os dramas das famílias maranhenses chegam até São Luís ou Teresina.”
A primeira frase é indigna. Assim que eleito, Edivaldo Holanda Júnior recebeu do Governo do Estado proposta para parcerias, inclusive na área de saúde. O que se passou até aqui? Justamente, é o PCdoB de Flávio Dino que faz o possível e o impossível para que a parceria não medre.
Mas Dino comete um grande equívoco quando diz que os “socorrões” não funcionam de forma adequada por causa do péssimo funcionamento da saúde nos interiores do Maranhão. Pela primeira vez (e eu estou a me criticar, já que nos arquivos do blog o leitor poderá encontra minhas críticas ácidas ao projeto de criação dos hospitais, quando fui finalmente alertado pelo jornalista Walter Rodrigues (1950-2010) da qualidade e importância do projeto) o Maranhão tem um projeto na área de saúde.
Vou ficar só num exemplo: como Flávio Dino e alguns oposicionistas vão se dirigir a quem está a se beneficiar do hospital de Barreirinhas? As pessoas das cidades de Icatu, Morros, Santo Amaro, Humberto de Campos, Urbano Santos e da própria Barreirinhas, beneficiárias do hospital, vão cair na conversa de que os hospitais não existem ou que não prestam? Se o discurso da oposição, na área de saúde, for esse, bem, será um fiasco.
Poderia seguir a analisar frase por frase, parágrafo por parágrafo. Mas seria cansativo e inócuo, o núcleo do discurso de Dino já foi devidamente desmascarado. Mas posso me deter nisto:
“Estou junto com Edivaldo para ele seguir trabalhando com seriedade e independência, apesar das pressões e da discriminação da oligarquia contra São Luis.”
“Discriminação da oligarquia contra São Luís”? Meu Deus! Imaginar que a população de Imperatriz (segunda maior cidade do Maranhão e minha segunda paixão) era contra Roseana Sarney por acreditar que o Governo do Estado só tinha mimos para São Luís! Flávio Dino, na contramão dos fatos, diz justo o contrário!!
Agora, meus caros, o que me deixa indignado é a farsa. Vejamos.
Cafeteira, único oposicionista a ter voto sem comprá-los, dizia o diabo de Sarney, era a forma de manter-se na política de maneira vitoriosa. Foi governador pelas mãos de Sarney. Então, esqueceu que havia “uma oligarquia” no Maranhão. Ao fim do mandato, rompeu com Sarney e o discurso da oligarquia voltou. Em 2006, foi eleito senador pelas mãos de Roseana Sarney, desde então esqueceu a palavra oligarquia.
Jackson Lago (PDT) falava em oligarquia até quando dormia. Em 2000, fez aliança com Roseana Sarney, num projeto que passava por sua reeleição a prefeito de São Luís e pelo apoio na disputa pelo Governo do Maranhão em 2002. Surgiu o caso Lunus, a candidatura de Roseana à Presidência da República caiu no poço, Jackson Lago, que era míope em política, achou que o grupo de Roseana estava morto no Estado, rompeu o acordo e voltou a falar em oligarquia.
Flávio Dino é legítimo herdeiro de ambos. Em 2004 pensou em deixar a toga para ser candidato a prefeito de São Luís pelo PT com o apoio de Roseana Sarney. Chegou a se encontrar com ela em Brasília. Na minha coluna no jornal Diário da Manhã falei do acordo que se formava. Gerou-se uma confusão tremenda, a maioria dos petistas, inclusive os que hoje se abraçam com Roseana numa boquinha no Governo do Estado, ficou indignada. A candidatura caiu no poço.
Em 2008, já deputado federal graças à máquina do Governo do Estado (o governador era o afilhado rompido com Sarney, José Reinaldo Tavares), Flávio Dino lançou-se candidato a prefeito de São Luís. Queria o apoio de… Sim, Roseana Sarney. Um encontro foi marcado, mas o deputado Raimundo Cutrim, então no DEM, sentiu-se com isso abandonado por seu grupo e, no horário eleitoral na TV, pôs a boca no trombone, contou do encontro de Flávio com Roseana. O encontro teve de ser abortado. (Entre parênteses, registre-se: Raimundo Cutrim rompeu com seu grupo de origem e se filiou ao PCdoB, prova da profunda ideologia de ambos, PCdoB e Cutrim).
Como em 2014 haverá eleição para governador, Flávio Dino berra contra a oligarquia que quis abraçar em 2004 e 2008.
Depois uns três ou quatro gatos pingados dizem que eu é que sou contra a oposição. Só rindo.