Desafios da comunidade LGBTI+ e avanços na garantia de direitos são abordados no ‘Contraplano’.
Desafios enfrentados pela comunidade LGBTI+, avanços da legislação na garantia de direitos e a luta pela conscientização sobre diversidade de gênero foram debatidos no programa ‘Contraplano’ exibido nesta terça-feira (27), na TV Assembleia. Participaram do bate-papo sobre o tema o coordenador da política LGBTI+ da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), Alberto Lima; a defensora pública com atuação na Defesa da População LGBT+, Lindevânia Martins; e a representante do Fórum de ONGs LGBTI+, Rosana Lima.
A importância do Dia Internacional do Orgulho LGBTI+, celebrado em 28 de junho, foi destacada pelos convidados. Alberto Lima relembrou o histórico da data, que remete à Batalha de Stonewall Inn, ocorrida em 1969, em Nova York, e marcou a liberdade da população LGBTI+ poder frequentar bares da cidade sem sofrer represálias da polícia. Ressaltou que o fato também deu origem ao movimento de Paradas Gay, sendo que São Paulo sedia a maior do mundo.
“A gente celebra uma manifestação dessa e o nosso país ainda é o mais LGBTfóbico do mundo, porque a cada 12 horas, um LGBT é assassinado neste país. É preciso que a gente se debruce sobre a questão das políticas públicas voltadas para o segmento LGBT, para que a gente, de fato, dê visibilidade a ele, e diga à população que nós só queremos respeito”, afirmou o coordenador da política LGBTI+ da Sedihpop.
A defensora pública Lindevânia Martins destacou avanços e propôs um desafio ao público que deveria se imaginar em situações vivenciadas, até pouco tempo, pela comunidade GBTI+ no cotidiano.
Nesse cenário de antes, ela citou impedimentos como o de casar-se com a pessoa amada, de adotar uma criança e até de doar sangue a quem precisa.
“Quando a gente pensa em avanços, em direitos que foram conquistados através do tempo, alguns são esses: em relação ao afeto, à União Estável, ao casamento. Hoje, podem exercer essa parentalidade e homens gays podem doar sangue. São avanços recentes, conquistados com muita luta”, afirmou Lindevânia Martins, citando também o direito à redesignação de nome e de gênero para mulheres trans, o chamado nome social.
Rosana Lima enfatizou as inovações da sigla LGBTI+ e falou dos primórdios, desde a criação do GLS, representando gays, lésbicas e simpatizantes, que incluía todo mundo. Com a evolução, passou a LGBTTT, englobando gays, lésbicas, bissexuais, trans, travestis e transgêneros, que, após consenso, acabou sendo reduzida para LGBT e, evoluiu para o LGBTI+, contemplando intersexos e outros grupos.
Luta diária
A representante do Fórum de ONGs LGBTI+ destacou a luta travada diariamente. “Nosso desafio é vivido 365 dias por ano, 24 horas por dia. Não é fácil você ser um LGBT”, afirmou Rosana Lima, dizendo que muitas pessoas ficam fora do mercado de trabalho por se assumir do segmento.
“Muitos dos nossos companheiros e companheiras não se identificam por medo, medo de ser expulso da família, de ser excluído na sociedade, na escola, na faculdade, na sua área de trabalho”, observou ela, ressaltando que isso afeta a saúde mental.
A defensora pública Lindevânia Martins destacou que essa barreira no mercado de trabalho leva muitas mulheres trans ao caminho da prostituição. “Isso é muito grave”, atestou.
Alberto Lima reforçou que o preconceito com o LGBTI+ é o mesmo em todas as áreas, muitas das vezes por conta de estereótipos criados pela sociedade. “É preciso que respeitem a pessoa humana”.
O programa ‘Contraplano’ é ancorado pelo jornalista Fábio Cabral e é exibido todas as terças-feiras, às 15h, pela TV Assembleia (canal aberto digital 9.2; Maxx TV, canal 17; e Sky, canal 309)